segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Agustina Bessa Luís


Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922. É descendente de uma família de raízes rurais de Entre Douro e Minho e de uma família espanhola de Zamora, por parte da mãe.
Tem participado em numerosos colóquios e encontros internacionais e conferências em universidades um pouco por todo o mundo como representante das letras portuguesas.
Foi com a novela Mundo Fechado que se estreou como romancista em 1948, tendo desde então publicado inúmeras obras, contando até ao momento com mais de meia centena.
Do seu vasto e riquíssimo curriculum consta entre outros:
- Membro do conselho directivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962);
- Entre 1986 e 1987 foi Directora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto);
- Entre 1990 e 1993 assumiu a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social;
- É membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa;
- Foi distinguida com a Ordem de Santiago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de "Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres", atribuído pelo governo francês (1989).

É com o romance A Sibila, em 1954, que Agustina Bessa-Luís surge como uma das vozes mais importantes da ficção portuguesa contemporânea, bebendo das influências pós-simbolistas de autores como Raul Brandão na construção de uma linguagem narrativa onde o intuitivo, o simbólico e uma certa sabedoria telúrica e ancestral, transmitida numa escrita de características aforísticas, se conjugam com referências de autores franceses como Proust e Bergson, nomeadamente no que diz respeito à estruturação espácio-temporal da obra, tornando-se assim senhora de um estilo absolutamente único.
O realizador Manoel de Oliveira adaptou vários dos seus romances ao cinema. Estão neste caso Fanny Owen (Francisca), Vale Abraão e As Terras do Risco (O Convento), para além de Party, cujos diálogos foram igualmente escritos pela escritora.
É também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance As Fúrias sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
Aos 81 anos recebeu o mais importante prémio literário da língua portuguesa: o Prémio Camões, em 2004. Na acta do júri, pode ler-se que “o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Este ano, em Escritarias, evento cultural promovido pela Câmara Municipal de Penafiel, foi a autora homenageada.

GARRAS DOS SENTIDOS

Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos.
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.
São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas.
Não quero cantar amores.
Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.
São demência dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.
Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.
Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.

Agustina de Bessa Luís

Trabalho realizado por :
- Lara Matos nº15
- Paulo Barbosa nº25

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