quarta-feira, 7 de abril de 2010

Escrita com imaginação...


A TRANSFORMAÇÃO

Era segunda-feira, estava eu a dormir e, ao ouvir a minha mãe tentar acordar-me, acordei e disse:
- Só mais uns minutos…
- Despacha-te! – gritou ela - O teu pai está à espera para te levar à escola!
Eu acabei por me levantar.
Quando estava no carro, a olhar pela janela, vi uma égua a pastar.
“Ela tem uma sorte… – pensei eu – Sempre que eu vou e venho da escola, só a vejo comer, beber e dormir. Que vida de rainha…”
Virei-me para o meu pai e perguntei:
- Porque é que nós temos de ir à escola? Afinal só nos dá trabalho!
- Filha, não digas isso, afinal, quando fores adulta já não precisas de ir.
- Mas tenho de trabalhar! – ripostei eu – Quem me dera ser uma égua, só comia, bebia e dormia.
Quando voltei da escola, depois do jantar, fui à janela e vi uma estrela cadente.
- Quem me dera ser uma égua para não ter de trabalhar! – desejei eu.
Fui-me deitar.
- Está mesmo boa esta erva, não está, Joana? – disse a égua que eu costumo ver quando vou para a escola.
- O quê? – disse eu quando me olhei – Tenho cascos em vez de pés, quatro patas em vez de duas, uma grande cauda, demasiados pêlos e compreendo-te!... Isto só pode significar uma coisa: o meu desejo concretizou-se! Fantástico!...
- Qual? – perguntou ela – O de seres do Sr. Manuel?
- Sim, sim… - disfarcei eu – Isto de ser uma égua é fantástico, não achas? É só comer, beber e dormir…
- Não é bem assim. Nós estamos agora a comer mas vamos ter de trabalhar. Se de onde vinhas não tinhas de trabalhar, vais sofrer uma grande mudança – afirmou ela.
Eu fiquei calada mas, sinceramente, pensei que ela estivesse a gozar.
- Aí vem ele. Prepara-te! – avisou-me ela.
Eu não percebendo, exclamei:
- Ele quem? O que é que nos vai fazer? É perigoso?
- É o Sr. Manuel e vem buscar-nos para trabalhar. Hoje devemos ir à lenha, só tens de te preocupar se deixares cair algum pau, é para isso que ele traz o chicote!
- Bolas, logo eu que sou tão desastrada! – disse eu.
Já no monte, depois de carregar a outra égua, chegou a minha vez. O Sr. Manuel pegou em quatro pedaços de lenha e pôs-me dentro de uma cesta que eu tinha presa às costas.
Passou à minha frente uma pequena serpente e eu, assustando-me, ergui-me no ar e deixei cair a lenha toda. O Sr. Manuel deu-me quatro chicotadas, uma por cada pedaço que tinha caído. Eu comecei a sangrar e perguntei à outra égua o que é que ele me ia fazer à ferida e ela respondeu-me:
- Nada! A única coisa que ele te pode fazer é dar-te mais chicotadas.
- Não quero mais ser uma égua! É horrível, não é nada como eu pensava!!!!
De repente ouvi:
- Acorda, Joana, está na hora de ir para a escola!
Afinal foi só um sonho mas aprendi muita coisa com ele; a partir daí, todos os dias antes de ir para a escola, dei uma cenoura à égua do Sr. Manuel.

Joana Ferreira, nº12

1 comentário:

  1. Olá,
    gostaria de dar os parabéns à menina Joana Ferreira. O texto que escreveu está maravilhoso.

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